5 de outubro de 2025

As grandes árvores das nossas estradas nacionais (IX)

Mais uma árvore de porte considerável na área de descanso de São Pedro da Gafanhoeira, na EN4, no município de Arraiolos. Um pinheiro-de-Alepo (Pinus halepensis) com 2,60 m de PAP, (perímetro altura peito, a 1,30 m de altura), e  3,25 de perímetro de base, em setembro de 2025.

A espécie Pinus halepensis é uma espécie exótica do território português, originária da bacia do Mediterrâneo, bem adaptada a algumas das nossas características de solo e clima. Foi uma das espécies que, num documento de 1947, a Junta Autónoma das Estradas referenciava como útil para as arborizações nas estradas nacionais – “árvore de crescimento médio cujo principal interesse reside na sua excecional adaptação ao calcário e resistência ao calor e secura”.

25 de setembro de 2025

Pela Proteção do Património Arbóreo - Cartas Abertas aos Candidatos às Câmaras Municipais de Rio Maior e de Santarém

O Túnel Arbóreo da Sra. da Luz e a Azinheira Monumental do Outeiro de Alfazema são  valores patrimoniais que exigem medidas de proteção, para os quais o Grupo de Trabalho Folhas Erguidas tem vindo, desde 2023, a alertar os responsáveis municipais, de Rio Maior e de Santarém, respetivamente.

Face à inação e à falta de respostas destas autarquias, Folhas Erguidas dirigiu Cartas Abertas aos candidatos às presidências destas câmaras municipais, desafiando-os a manifestarem as suas posições sobre a assunção da proteção deste património arbóreo por parte das suas autarquias.

15 de setembro de 2025

As grandes árvores das nossas estradas nacionais (VIII)

Localizado no município da Golegã, na EN 365, Km 74, este grande sobreiro tem os seguintes parâmetros de porte, medidos em Fevereiro de 2025, perímetro altura peito, a 1,30 m de altura, (PAP)  - 3,96 metros e perímetro de base (PB) - 7,50 m.

As dimensões deste sobreiro conferem-lhe os atributos necessários para a sua classificação como árvore de interesse publico, de acordo com Regulamento com o desenvolvimento e densificação dos parâmetros de apreciação e da sua correspondência aos critérios de classificação de Arvoredo de Interesse Público, publicado pelo ICNF, que estabelece  como critérios de porte para classificação de sobreiros 3,50 e 4 m, para o PAP e  o PB, respetivamente.

Este sobreiro destaca-se na paisagem da lezíria ribatejana, caracterizada pela monotonia da agricultura de regadio, sobretudo campos de milho, pela imponência da sua copa.

8 de setembro de 2025

As grandes árvores das nossas estradas nacionais (VII)

A Azinheira Monumental de Outeiro de Alfazema, localizada na berma da EN 362, no concelho de Santarém, evidencia-se na paisagem pelo seu porte majestoso. Com um diâmetro de copa de 20 metros e um tronco com de 3,30 metros  de perímetro, a 1,3 m de altura (PAP), é, provavelmente, a única com estas dimensões que ainda resiste na região  .


Apesar do estatuto de proteção a que as azinheiras estão sujeitas, esta árvore foi, em 2021, alvo de intenção de abate por parte da Infraestruturas de Portugal, tendo sido salva graças à intervenção de grupos de cidadãos que denunciaram, atempadamente, a situação.

Cumprindo os critérios estabelecidos para ser classificada como árvore de interesse publico, que poderia garantir a sua proteção legal, esta azinheira monumental aguarda há vários anos que o ICNF confirme esse estatuto, situação que ocorre, também, com o reconhecimento do seu interesse concelhio, por parte do Município de Santarém que tarda em responder aos pedidos efetuados. 

2 de setembro de 2025

As grandes árvores das nossas estradas nacionais (VI)

Cerqueiro localizado ao quilómetro 170 da  EN114, no concelho de Montemor-o-Novo, apresenta, em agosto de 2025, perímetros, de 2,53 metros à altura peito (PAP), e, de 3,06 metros ao nível do chão (PB). Tem uma altura estimada entre os 13 a 15 metros. Esta árvore que foi alvo de uma poda de manutenção, algures entre 2021 e 2022, é um exemplar bastante vigoroso com uma copa frondosa.

Carvalho-cerqueiro (Quercus x avellaniformis)

O cerqueiro, ou carvalho-cerqueiro, Quercus x avellaniformis, é um híbrido natural resultante do cruzamento entre o Quercus rotundifolia, a azinheira, e o Quercus suber, o sobreiro. Estes híbridos naturais ocorrem normalmente em áreas de sobreposição da distribuição de sobreiros e azinheiras. Em Portugal, o Alentejo é a região onde ocorrem com maior frequência, sendo aí conhecido, também, como azinheira-macha. Em Espanha, onde também ocorre, é chamado de mesto. A espécie foi identificada no século XIX, em 1854, por Colmeiro & E. Boutelou.

Esta árvore foi uma das amostradas num estudo de análise molecular, sobre a deteção destes híbridos em Portugal. Apesar da sua natureza híbrida, é uma espécie fértil, produzindo bolota regularmente, como foi o caso no último outono. 

6 de agosto de 2025

As grandes árvores das nossas estradas nacionais (V)

Localizado na área de descanso da EN4, ao km 95, no município de Arraiolos, este  pinheiro-manso (Pinus pinea) tem um perímetro à altura peito (a 1,30 m de altura) de 4,15 metros e um perímetro de base de 3,80 metros.

É uma árvores de grande porte, das maiores desta área de descanso bastante arborizada e sombreada, onde se encontram, também, outras espécies como sobreiros (Quercus suber), azinheiras (Q. rotundifolia), alfarrobeiras (Ceratonia siliqua), medronheiros (Arbutus unedo) e pinheiros de Alepo (Pinus halepensis).

Desconhecendo a idade exata deste pinheiro, acreditamos que a plantação do conjunto arbóreo em que se insere deverá ter ocorrido na sequência da publicação do Plano Rodoviário Nacional em 1945, como resultado dos trabalhos de arborização das bermas das estradas nacionais que a Junta Autónoma de Estradas então realizava, e continuou a realizar ao longo do século XX.

15 de julho de 2025

As grandes árvores das nossas estradas nacionais (IV)

Destacamos o Lódão-bastardo (Celtis australis), localizado no km 213 do IP 2, junto à ponte que atravessa a ribeira da Ana Loura, perto da localidade de Veiros, no município de Estremoz.

Um bom exemplo de frescura, na berma do IP2,
  na canícula alentejana de Julho.

Com um perímetro de base (PB) de 3,76 metros, uma altura estimada de 6 metros e com ramificação de 4 grandes troncos principais, é uma árvore com um porte considerável.

Desconhecemos se este espécime é espontâneo, uma vez que se trata de uma espécie nativa no território português suspeitamos que possa ter sido plantada algures no século XX, visto existir um outro C. australis, com porte semelhante, do outro lado da ponte,  sugerindo intencionalidade na disposição de ambas as árvores, e não serem observados mais exemplares desta espécie nas imediações.

O lódão é uma espécie bem adaptada às condições adversas das cidades, resistindo bem à poluição e tolerando diferentes tipos de solo.


20 de junho de 2025

As grandes árvores das nossas estradas (III)

É um dos grandes carvalhos (Quercus faginea) constituintes do túnel arbóreo da Senhora da Luz, na EN114, em Rio Maior. Uma das árvores mais imponentes deste conjunto arbóreo.

O Carvalho-cerquinho da Senhora da Luz
Os seus parâmetros dendrométricos aquando da última medição em 2023 eram:

  • PAP, perímetro altura peito,  (a 1,30 m de altura) -  3,30 metros 

  • PB, perímetro de base  - 3,70 metros 

  • Altura estimada  superior a 10 metros

Com base nestes atributos de porte, foi solicitado ao ICNF, em janeiro de 2024, o reconhecimento legal como árvore de interesse público, por possuir parâmetros de monumentalidade para ser classificado e protegido.

Foi, também em 2024, solicitado ao município de Rio Maior a classificação municipal de 16 das árvores do túnel arbóreo, com perímetros à altura do peito superiores a 2,5 m – 9 carvalhos (Q. faginea) e 7 sobreiros (Q. suber), onde naturalmente se inclui também este belo exemplar.

Relativamente a ambos os pedidos, tanto ao ICNF, como ao município de Rio Maior, continua-se a aguardar as decisões destas duas entidades. 

12 de junho de 2025

Proteção dos carvalhos autóctones

Foi lançada recentemente uma petição online à Assembleia da República para a criação de legislação que assegure a proteção dos carvalhos autóctones portugueses.

 Petição - Lei de proteção dos carvalhos autóctones Ler e assinar aqui

                           Texto integral da petição

A petição propõe:

  • “O reconhecimento legal da importância ecológica e biogeográfica dos carvalhos autóctones, com destaque para o carvalho-cerquinho (Quercus faginea), o carvalho-negral (Quercus pyrenaica), o carvalho-galego (Quercus orocantabrica) e o carvalho-de-Monchique (Quercus canariensis);
  • A criação de critérios técnicos claros para a sua proteção, conservação e restauro;
  • A implementação de mecanismos de compensação, incentivo e apoio à conservação em propriedades privadas e públicas;
  • A valorização do arvoredo isolado e das florestas climácicas com importância ecológica, genética e patrimonial.

Importa destacar que, além da lacuna legal na proteção dos carvalhos autóctones, existem insuficiências na informação do Inventário Florestal Nacional. Na sua ultima edição, IFN6, desatualizada, publicada em 2015, não existe distinção entre as espécies dos três principais carvalhos de folha caduca, Quercus faginea, Quercus pyrenaica e Quercus robur (espécie entretanto reclassificada como Quercus orocantabrica). Como se poderá gerir de forma adequada povoamentos e habitats associados a estas espécies, tanto do ponto de vista da produção florestal como da conservação, sem informação atualizada?

A situação do carvalho de Monchique, Quercus canariensis, outra espécie de carvalho autóctone, é ainda mais grave, a “distribuição em Portugal é restrita à serra de Monchique e sua área adjacente. É avaliada na categoria Criticamente Em Perigo porque se infere o declínio continuado do tamanho da população nacional, a qual se estima em menos de 250 indivíduos maduros, todos concentrados numa única subpopulação.”(flora-on.pt) 

Ainda relativamente à informação disponível no IFN6, verifica se que, em 2015 existiam 81 700 hectares de área florestal com carvalhos, num total de 3 224 200 hectares, 2,5 % da área florestal portuguesa. Ou seja, é uma área praticamente residual, sujeita a diversos tipos de ameaças, como demostram alguns exemplos recentes - Condeixa-a-Nova  para a construção de um  parque fotovoltaico ou - Rio Maior com a intenção de abate de carvalhos monumentais.

Importa ter dados mais precisos da atual distribuição dos carvalhais portugueses, para avaliar se há tendências de declínio ou de recuperação e analisar as opções, (incluindo a criação de proteção legal), mais adequadas na tomada de decisão na gestão destes povoamentos e habitats de elevado valor ecológico.

Para mais informação sobre os carvalhos portugueses:

https://www.researchgate.net/publication/365368257_New_annotated_checklist_of_the_Portuguese_oaks_Quercus_Fagaceae?_tp=eyJjb250ZXh0Ijp7InBhZ2UiOiJwcm9maWxlIiwicHJldmlvdXNQYWdlIjoicHVibGljYXRpb24iLCJwb3NpdGlvbiI6InBhZ2VDb250ZW50In19

https://www.researchgate.net/publication/361503906_Old-Growth_Quercus_faginea_in_Portugal