“Neste momento não tenho esperança nenhuma”, é a desilusão afirmada pelo Prof. Jorge Paiva, após mais de meio século de atividade cívica em prol do Ambiente e da Natureza.
À questão da
jornalista: “Neste postal diz que foi uma “luta improfícua”; cita Camões,
dizendo que, se ele foi um “valoroso lírico”, o Jorge Paiva foi um “lírico
irrealista” e que o seu “desalento é enorme”. É um homem sem esperança, no que
respeita ao Ambiente e a salvação do Ambiente?” O professor responde com a
constatação da ignorância manifesta dos políticos pelos problemas ambientais,
que considera inconcebível atendendo a estarmos em “plena alteração climática
muito grave” e a quem acusa de “não fazem absolutamente nada”.
Transportemos a
reflexão do Prof. Jorge Paiva para o nível local, o nível das nossas pequenas
intervenções. Veja-se a prática de empresas tuteladas pelo Estado, como a
Infraestruturas de Portugal, com o abate indiscriminado de milhares de árvores,
centenas, só na EN114, entre Santarém e Rio Maior; veja-se a atuação do
organismo público responsável pela conservação da natureza e das florestas, o
ICNF, que de forma cúmplice, ignorando a lei e a sua obrigação de prestação de
contas aos cidadãos, faz de morto perante sucessivos pedidos de informação e de
intervenção.
Estamos certos de que não será a presença das
árvores nas bermas das estradas que irá salvar o mundo, mas, talvez de uma
forma “lírica e irrealista”, acreditamos que a correta gestão do arvoredo nas
bermas das estradas poderá contribuir localmente para mitigar alguns dos
efeitos nefastos associados à alteração climática do planeta. Mais que não
fosse elas alegram-nos as paisagens.