28 de janeiro de 2025

Ambiente e desilusão

“Neste momento não tenho esperança nenhuma”, é a desilusão afirmada pelo Prof. Jorge Paiva, após mais de meio século de atividade cívica em prol do Ambiente e da Natureza.

O seu postal de Natal de 2024, “Ambiente e Desilusão”, reflexo desta descrença, foi um dos motes para a entrevista que deu recentemente à rádio TSF.

À questão da jornalista: “Neste postal diz que foi uma “luta improfícua”; cita Camões, dizendo que, se ele foi um “valoroso lírico”, o Jorge Paiva foi um “lírico irrealista” e que o seu “desalento é enorme”. É um homem sem esperança, no que respeita ao Ambiente e a salvação do Ambiente?” O professor responde com a constatação da ignorância manifesta dos políticos pelos problemas ambientais, que considera inconcebível atendendo a estarmos em “plena alteração climática muito grave” e a quem acusa de “não fazem absolutamente nada”.

Transportemos a reflexão do Prof. Jorge Paiva para o nível local, o nível das nossas pequenas intervenções. Veja-se a prática de empresas tuteladas pelo Estado, como a Infraestruturas de Portugal, com o abate indiscriminado de milhares de árvores, centenas, só na EN114, entre Santarém e Rio Maior; veja-se a atuação do organismo público responsável pela conservação da natureza e das florestas, o ICNF, que de forma cúmplice, ignorando a lei e a sua obrigação de prestação de contas aos cidadãos, faz de morto perante sucessivos pedidos de informação e de intervenção.

 Estamos certos de que não será a presença das árvores nas bermas das estradas que irá salvar o mundo, mas, talvez de uma forma “lírica e irrealista”, acreditamos que a correta gestão do arvoredo nas bermas das estradas poderá contribuir localmente para mitigar alguns dos efeitos nefastos associados à alteração climática do planeta. Mais que não fosse elas alegram-nos as paisagens. 

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