O Presidente do Conselho de Administração da Infraestruturas de Portugal foi ouvido no passado dia 22 de janeiro, na Comissão de Ambiente e Energia da Assembleia da Republica, sobre o abate de árvores e a venda da madeira. A gravação da audição está disponível no Canal Parlamento.
Como era de esperar, para a IP está tudo bem, "não há práticas desreguladas ou cortes abusivos", a empresa rege-se por princípios de sustentabilidade.
Sem contraditório, o responsável máximo da IP fez as afirmações que entendeu, imprecisas ou de natureza duvidosa, assinalamos algumas:
- As árvores que acompanham os 14.000 km da rodovia sobre gestão da IP são individualmente identificadas, quanto ao estado e risco potencial, por equipas da IP (min. 14). Tarefa aparentemente hercúlea, não fosse o método rápido da IP, aplicado por exemplo na EN 362, onde, dois técnicos da IP, em apenas um dia vistoriaram e avaliaram as árvores de um troço de 30 km de estrada, concluindo pela necessidade de cortar 120 árvores. Uma produtividade que nos faz questionar o seu rigor e fundamento técnico. (ver relatório de vistoria)
- Medidas de compensação - só nos últimos 2 anos plantaram mais que 5.000 árvores (min. 15). E quantas terão cortado? Qual o rácio ecologicamente aceitável para a substituição de uma árvore adulta? Plantam, e depois? Veja-se o caso da plantação na Sra. da Luz que fala por si, ou, da EN
361, em Alcanena, onde o Estudo
de Impacto Ambiental impôs a plantação de diversas áreas de espécies
autóctones, que após a plantação ficaram votadas ao abandono.
- A mutilação azinheira monumental Outeiro de Alfazema. Diz o responsável que apenas se fez a poda de uma árvore para aumentar o gabari vertical (12.45 min.) Admitamos a ignorância: a altura a que se situavam os ramos não poderiam, nunca, interferir com o trânsito, o madeireiro que realizou o trabalho não tinha competência para o fazer e a IP não acautelou a qualidade da intervenção.
- A IP não vende a madeira resultante dos abates. Não ganha dinheiro com ela, dá-o a ganhar aos operadores! (37min.)
Enquanto isto a IP continua impunemente a delapidação do nosso património arbóreo.